Bem que se quis
Bendito me quis
Que de bem ou de mal
Da mesma forma me quis
De bom grado me fez mal
Bem que se quis que se quisesse
Que quisera ser teu cobertor
O abraço na noite fria e sonolenta
Bem me quer
Mal me quer
Mas, jaz definho na cidade
Perdendo noites sonhando
E sonhos dormindo
Me dizem que bruto me calo
E estúpido eu falo
Que energúmeno faço ser o que não tem razão de ser
Entrementes, se meus olhos não ardessem mais
Se meus cotovelos não doessem mais
Então, bem querer-me-ias
Pois sem dor seria só amor
Seria utopia do sonho desnudo de um moribundo
Um sujeito uma vez me falou
Que eu tudo poderia
No coração de uma donzela
Se amor por ela, eu fizesse e acreditar
Curei os olhos
Da noite fiz dia
E da luz escuridão
Os sonhos de outrora, esvaíram-se
Senti que o amor é como um jogo
Guardado para um domingo chuvoso
É como o último sono de quem não quer dormir
É o ultimo suspiro de quem ainda espera
É a mãe de quem espera, mas que jamais irá voltar
Perscrutei-me, então:
Bem me quer ou mal me quer?
Linhas turvas e mal definidas
Limitam o coração de um homem
Traído por si
De mal com o tempo
Que vive o momento e nada mais
Que um possível amanhã possa trazer
O que faço é apenas escrever e recitar
Descrever e fingir ser
Ser o que não ter para viver
Ser o eu que eu era
Pode ser convulsões
Lamúrias, quimeras, loucuras
Ou algo mais.
Pode der tudo o que se foi
Ou o que virá
Pode ser nada, apenas um momento
Nada mais ou tudo mais
E se eu estiver errado
E se eu estiver certo
Estando certo estariam errados
Ou estando errado estariam certos
Não me importa saber o que ninguém sabe entender que aconteceu e que apenas ocupação fútil será para estar a poltrona de um apartamento esperando a morte chegar.
Pois, amar ao desejo mais que ao objeto desejado faz-se balsamo a alma
Apodrecida pelo pecado que ninguém mais o alimenta que anos mesmos.
Seria a vida medida pela intensidade pela qual se ama? Então, seria a morte esperada proporcionalmente ao combustão do ódio?
Mas, se amar é um doce amargo como o fel, mas dizem que amar adoça a alma.
Se somos a semelhança do amor, porque morremos amargos na dor?
Então é por isso que estou só?
É por isso que breve estarei morto?
É por isto que me julgam arrogante, insensível, amargo ao dom da divina comédia de amar? Dou por encerrado este poema?