domingo, 28 de junho de 2020
sábado, 27 de junho de 2020
domingo, 21 de junho de 2020
Lykke-Per - Um homem de sorte
O filme “Um Homem de Sorte”,
baseado no livro “Lykke-Per”, agraciado pelo Nobel de Literatura em 1917 do
escritor Henrik Pontoppidan, é um drama de época ambientado na Dinamarca do fim
do século 19.
Dirigido por Bille August (“Trem
Noturno para Lisboa“)
e distribuído pela Netflix, o longa conta a história de Peter Andreas Sidenius
(Esben Smed), um talentoso estudante de engenharia que cresceu com uma família
muito religiosa na cidade de Jutland, na Dinamarca. Ao ser admitido em uma
faculdade, o jovem deixa suas raízes religiosas para tentar a sorte em
Copenhague.
Na cidade grande, o rapaz tenta divulgar um projeto com
potencial revolucionário no controle de fornecimento de energia na cidade. Em
pleno final do século XIX, ao invés de usar o carvão, que é finito, a energia
seria captada das forças da natureza, como o vento e as ondas do mar. Neste
processo para atrair atenção ao seu trabalho, Peter passa a frequentar a casa
da família Solomon e logo se interessa por Jakobe (Katrine Greis-Rosenthal), a
filha mais velha, que é noiva de Eybert (Rasmus Bjerg).
O bom trabalho de Esben Smed é essencial para o andamento do
filme. O drama de época conta três histórias sobre o seu protagonista: sua
relação com a religião após uma infância complicada, seu interesse por diversas
mulheres e sua batalha contra os seus monstros interiores enquanto convive em
sociedade. O maior mérito da obra de Bille August é apresentar que o mesmo
orgulho que motiva Peter pode representar seu fim.
O protagonista demonstra que tem o controle da situação
quando o assunto é seu emprego, mas se perde para a arrogância quando precisa
demonstrar gentileza. Sem conseguir resolver seus problemas com os pais, Peter
prefere ter uma angústia permanente. E essa angústia transforma a vida de
diversas pessoas, seja para o lado positivo ou para o negativo.
O diretor não se apressa para contar a sua história – são 2
horas e 47 minutos sem o menor receio de alongar as cenas. Apesar de ser a
proposta do filme, sua duração também joga contra seu próprio enredo. Não
existe uma grande cena, um ápice na história de Peter. Todas as cenas são
direcionadas para servir aos sentimentos do personagem de Smed. Já o roteiro,
que o diretor divide a autoria com Anders Frithiof August (“Sommeren ’92“), volta e meia retorna ao
questionamento mais relevante na história de Peter: os valores enraizados na
infância influenciam na criação de um adulto?
“Um Homem de Sorte” é um grande exemplo de como a humildade e
o altruísmo são benefícios que deveriam aparecer naturalmente nas pessoas,
independente da religião. A obra reforça também a importância de cada pessoa
lutar contra seus próprios monstros para permitir um encontro com a felicidade.
A busca pelo revolucionário é plausível desde que o egoísmo abra espaço para a
humildade.
O filme não é uma lição de moral sobre a importância da
humildade, como o pai de Per tanto queria fazê-lo engolir goela abaixo. É sobre
a quase impossibilidade que temos de romper com aquilo que somos, com a
alienação ao Outro. A obstinação e genialidade de Per o levam para longe do
pai, mas as raízes do ódio estão tão fincadas nele que o fazem perder qualquer
chance de realizar seu sonho. Por ódio ele se move para longe do pai e pelo
mesmo ódio, torna-se algo bem parecido com ele. Os caminhos da pulsão nos levam
a percorrer sempre as mesmas veredas em busca de um objeto que não existe. E
sobre o amor, Per foi amado pelas mulheres, mas não sei se amou alguma delas.
Ele, que se movia pelo ódio, talvez não soubesse o que era o amor, talvez não
soubesse uma forma diferente de amar que não fosse odiando.
Fábio Rossini
Isloany Machado
Henrique Senhorini
quarta-feira, 10 de junho de 2020
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