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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

SE EU MORRESSE AMANHÃ !


SE EU MORRESSE AMANHÃ !

Se eu morresse amanhã, viria ao menos

Fechar meus olhos minha triste irmã;

Minha mãe de saudades morreria

Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!

Que aurora de porvir e que amanhã!

Eu pendera chorando essas coroas

Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alma

Acorda a natureza mais louçã!

Não me batera tanto amor no peito,

Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora

A ânsia de glória, o dolorido afã...

A dor no peito emudecera ao menos

Se eu morresse amanhã!

AZEVEDO, Álvares de. Poesias Completas. rio de Janeiro: Ediouro, 1995, p.96.


 

domingo, 12 de novembro de 2023

Erasmo e Eu

 Erasmo

“Sou o resultado das minhas realizações…gols e bolas na trave fazem parte do jogo já que a vida é curta e minha vontade é eterna…sou o que pude e o que tentei ser plenitude…quis ser muitos e sobrou um quando dispensei meia-dúzia dos que não me souberam ser…contagiado pelo bem tornei-me um guerreiro da paz…o meu canto será ouvido assim como o som dos ventos, enquanto o sol brilhar e as lembranças resistirem…dei passos vendados em caminhos movediços para ser merecedor de um lugar no pódio do amor !!!

Eu

Minhas realizações e amadurecimentos são resultados das minhas frustrações e dores. Sim, isto faz parte da minha vida. E, enquanto houver vida, realizações e frustrações, dores e alegrias, serão eternas etéreas. Fui o que pude ser. Fui o meu melhor. O meu melhor foi o melhor e o pior. Mas foram momentos do momento do Eu e vividos por mim. Tentei a plenitude, a paz e o amor ... na luta pela sobrevivência. Mas, de fato, tentei ser eu e o eu que não era. Na verdade, tantos quis ser, nenhum o fui, exceto o eu que eu era. Que lástima! Sobrou apenas um quando os outros se foram. Se foram porque os dispensei. Se foram porque não me souberam ser. Se foram porque não os soube ser. Contagiado por amores vis, quimeras efêmeras dos meus 16 anos, sonhos hollywoodianos daquela sessão da tarde, àquela garota de clara de neve e olhos azulados que o olhar nunca me fitou... tornei-me um poeta ultrarromântico, que se alimenta da própria tristeza para palavras, rimas e versos dar vida e coerência em rio corrente. No mínimo desarrazoado, antinômico... Ninguém me disse, eu mesmo me reconheço ébrio sentado à beira da janela do meu quarto fitando às arvores ao vento no meio desta tarde de domingo. Quem à metros me enxerga, não lê no meu sorriso, no meu olhar, a indiferença na expectativa estúpida de um chinês monolíngue indolente. Se não sou decodificado, minhas angústias sequer serão ouvidas. Então, meu canto jaz eterno, frio e esquecido. Minhas palavras serão como os ventos. Sempre serão viris nos corações de quem penumbra no quarto sozinho. Enquanto o sol brilhar, serão cinzas no canto da calçada, diante do sol abrasador do meio-dia. Quem para para ver? Elas renascem em outros corações, em outras vidas, em outros quartos, em outras noites em outros editores de textos, em outros copos, em outras canções, em outras fragrâncias em outros cantos frios e escuros. Dei alguns tantos passos.  Andei e corri. Cansei e descansei. Meu destino era a paz e o amor. E cá estou onde você também está!