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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

‎(Triste Fim – Calígula de Odisséia)

Uma tristeza afina a corda de um violino
A canção é sentida e não ouvida
Mas só a tristeza a convém

Mas, para iludir meu ego
Descuido do momento
Borro um sorriso na face gélida e pálida

Numa perspectiva sombria
Faço análise às cousas
E triste fim é e à conclusão que estou

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

‎(A falta que ficou - Calígula de Odisséia)

Ai que dias infantis
Estes que ao anoitecer
Ao pé duma vela
Senti tremer o seio


Dias estes que,
As cair da noite,
Nas páginas amareladas
De um bom livro
Numa melodia suave
Construía meu castelo de encantos


Doudo me fiz passar
Vi o cair da tempestade
- A transição das estações -,
E a flor que na primavera brotou
E murchou nas noites frias de outono.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Uma Noite na Fazenda - Calígula de Odisséia

Noite fria, escura, cheiro de chão, uma leve poeira suspensa ao vento. O escuro me rodeia, me pranteia, me torna invisível tal qual na cidade. A imensidão e o nada se misturam com traços lineares no horizonte... A cidade jaz distante apenas elevada ao pensamento me trás à memória um alguém a que deixei a esperar. Mas o vento sopra contornos esquizofrênicos ao desconhecido. Uma paz reina soberana enquanto um anseio temeroso pelo que se escondem por trás dos ruivos, uivos e cismos sonoros trazidos pelo vento fagueiro. Meu rádio me trás uma canção, uma canção que parece acompanhar a leveza da paisagem... Traçando sonoros toques suaves de guitarra.
Ao lado, um cão que aparenta ser sozinho e estar contente por ter alguém a observar... No momento parece ser o melhor amigo.
Uma cigarra ao fundo parece entender que do luar do sertão meu seio se descompassa, padece de saudade de uma anjinha, mas esquece dos dizeres capitais da cidade e aquece no crepitar da madeira consumida pelo fogo a fugir no vento, a se esvair no orvalho do sereno. Uma vida moderna que se desprende do todo e faz da mínima parte esquecido um mundo esquecido, um rancho na imensidão do horizonte onde a neblina na noite fria o consome, onde as luzes são das estrelas à lua.

Será a felicidade a realização das metrópoles, do capital, da incisão do ócio suburbano?

Da origem rural ao desterro urbano industrial desfruta-se do moderno que é efêmero e que nos torna efêmeros no tempo, mortais nas memórias empobrecidas pelas páginas amareladas jaz abandonadas. Uma saudade agora destoa a toada amarrotada de meu coração maneiro: uma saudade de minha mãe que deixei na cidade, de minha anjinha, de minha sobrinha, de minha família. Saudade esta que me transcende às luzes imponentes da cidade. Que me elevam ao primeiro andar de um edifício tal qual ilha na civilização ilhada de tantas outras ilhas societárias.