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segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Poeta


Nobre cavalheiro
Ardente de seio

O poeta
Ao mundo saiu
Andarilho por andarilho
E o poeta do amor se despiu

O céu amanhece
Fica a neblina
A vida adiante passa
E o poeta à sina continua

Na áspera noite d’outubro
Descalço a passaer em trilhos perdidos
A chuva residia entre os mortais

Na calada noite
A lua era cheia
Ao céu da noite cinzenta

O poeta caiu
Desfaleceu em dor
E na dor
A verdade sem falta lhe veio

“Ainda que falasse
A língua divina,
Que ao sangue pactuasse a morte,
Amor não saberia.”

Na dor miserável
Tuberculoso, embriagado e triste.
A morte buscou
Como busca o amante a prostituta.

Na certeza do descanso eterno
Na febre de um inverno escaldante
Apareceu-lhe um anjo
Não ao certo um anjo,
Uma donzela em figura de anjo.

No delírio da febre
Duvidou usa crenças
E sua própria certeza.
   
- “O demônio a brincar com minha desgraça”.
Pensou.

Os sorrateiros e suaves
Calaram-lhe os desbotados lábios
Em sua face ardente
Ateou-lhe divino beijo.

Morreu o poeta!
Esquecido pelo tempo
No bosque dos homens perdidos
Deixado para trás
Alimentará os corvos.

Num último suspiro
O anjo das ilusões perdidas
Ao poeta trouxe gozo.

Moribundo poeta
Nem um vintém
Ao bolso trazia.

Numa vida boemia
De prazeres inebriantes
E desprezo material
Valeram-lhe os últimos suspiros
Onde, às mãos d’uma
Etérea donzela
Fez valer sua dorida existência.

Se hoje morreu o poeta
Seu verso será dedicado
Ao amor de uma virgem
Que longe do lado de dentro
Sempre esteve nunca estando
Porém, sentiu por ela
A ânsia do amor
De um poeta moribundo.

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