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terça-feira, 9 de abril de 2013

Crônica de uma partida I


Decepcionante, amarguraste a angustiante como de mãos atadas ficamos diante da indiferença de alguém que outrora amamos, mas que jaz se afundando num poço sem fundo. Quem me dera meu avô para me ensinar as coisas que na vida de um home aconteceria. Meu pai não existiu e minha mãe tentou com sorrisos disfarças o que na alma e no espírito se desiludira na vida.
Aquelas mesmas mãos que me afagaram. Aquela mesma boca que me acariciou os lábios. Aquele mesmo anjo que me salvou, foi o mesmo que, no apego, me abandonou e que hoje despreza minh’alma condenando-me a viver de lembranças, lembranças minhas que teimam em ir e vir em noites de solidão, ao som de uma música, à leitura de um livro ou poesia pertinente.
Talvez o maior dos males que se podem cometer contra quem está ao lado é o de iludir, de enganar, de fingir ser/estar para conseguir autoproteção, autoconfiança, ou um sentimento de levantamento da moral própria ou para ser aceita moralmente em seu lar.
Agora eu sei por que e o que minha mãe de mim queria esconder, enfeitando os caminhos que eu iria seguir. Talvez um dia também tenha que ocultar do Artur a verdade escondida por trás do amor.
                Como dizer a ele a verdade, sob minha ótica, claro, das coisas, de o porquê ele não tem um lar e de como tudo isso aconteceu sem pôr a culpa em alguém? Como explicar a ele a tristeza e a indiferença que rondam o ambiente a cada vez que seus pais esbarram-se fatalmente nos na troca de turno materno-paterno?
Talvez romperia o poder que Jeová deu aos homens. Assim como Sartre, entendo isso como um mal, uma condenação, a ser livre, a usar o livre arbítrio. Pudera-se eu, possivelmente a resgataria deste triste mundo cortando-lhes o fio de seu livre arbítrio. Vovó já dizia que temos escolhas. Porém, existem pessoas que, mesmo diante das piores escolhas e de suas consequências, ainda persistem em tomar seu rumo. Daí surge o sentimento inicial de amargura, decepção e de angústia.
O que me resta é lembrar que tenho uma vida a viver e, nos meus pesadelos vivenciar em febre ardente, vez por outra, a desgraça deste alguém. Desgraça essa que jamais desejei, mas que se faz o novo sentido de sua vida, de sua velha vida, de sua zona de conforto.
Gostaria de leva-la sempre comigo. Mas, apenas lembranças boas e ruins - essas últimas as piores da minha vida - é que posso levar em memória, em minha história, em meu coração. Como fruto do nosso amor, fica o presente de Jeová - Artur: A última centelha deste amor que sobreviveu aos tempos. A última lembrança viva. Daí o amor em dobro que hoje dirijo a este fruto. Outrora o amor que a ela eu dirigia, hoje pode ser apenas empregado na última parte da mente, alma e coração (Artur) daquela pessoa que conseguiu me cativar ao extremo, mesmo sob palavras bonitas que com o passar do tempo tornaram-se apenas palavras lançadas ao vento.
Com o peito cheio de lágrimas e tristeza, e sem mais poder para reação estando impedido por ti mesmo,  por força maior que a minha, a tua,  despeço-me de ti, daquela que foi a mulher da minha vida, aquela por que sonhei, lutei. Aquela por quem sorri e sangrei. Aquela que me iludiu e por quem me ilidi. Claro, sempre resta uma última gota de esperança de que se desfaça de seu caminho, mas alimentar esperança por quem não deseja volver é no mínimo suicídio.

Adeus, Adeus, Adeus, meu grande amor... mãe do meu filho!



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