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terça-feira, 9 de novembro de 2021

Felicidade foi-se embora pra onde eu não sei

 Naquela crise existencialista de início da vida adulta (2005 - 23 anos), parava e me questionava:

- Qual o sentido da vida?!

Ter estabilidade financeira como servidor público, 'fazer' uma faculdade, constituir uma família - embora nem pensasse em filhos - ter minha casa, jogar futebol com meus companheiros no gramadão, tomar cerveja e falar da vida depois do futebol.

2021 - 38 anos, logo chegarei nos, 40 e a idade declinará.

Paro e me deparo, assustado, com a velocidade da vida.

Sou servidor público numa classe que, aos 23 anos jamais imaginei;

Concluí a faculdade e fui além;

Constituí uma família e, por incrível que pareça, tive filhos e hoje me identifico bastante bastante com a paternidade;

De fato, não sou feliz.

Me entrego ao álcool pra esquecer o quão infeliz o sou.

Vivo preso em dois mundo: em um sou subserviente a um relacionamento abusivo, no outro, sou subserviente a um relacionamento abusivo.

Não tenho amigos com quem possa dividir minhas frustrações ou alegrias.

Não tenho um psicólogo com quem conversar.

Não tenho uma vida pra dizer que é minha.

Não tenho um lar pra dizer que é meu canto de paz.

Vivo doente por dentro, subserviente aos vícios, me afundando lentamente em um abismo que tenho plena ciência que está me engolindo para um terreno cujo resultado eu já conheço.

Todas as semanas eu convivo com pesadelos e neles eu sempre me assusto com aquilo que me tornei.

Eu não me reconheço em mim mesmo.

Não sinto vontade de seguir vivendo, mas sinto, às vezes, vontade de fugir, fugir, fugir... não sei pra onde, mas me deparo entre fugir e tentar salvar parte de mim ou ficar e salvar outra parte de mim.

Sequer 

Run, rabbit run
Dig that hole, forget the sun
And when at last the work is done
Don't sit down, it's time to dig another one




Eu posso ouvir.

Eu não posso dormir.

Eu não posso ir pro shoping.

Eu não posso ficar em casa.

Eu não posso tomar um chopp na rua.

Eu não posso sair.

Eu não posso ficar.

Eu não posso estar.

Eu não posso desistir.

Eu não posso escolher.

Aonde quer que eu vá a energia é muito forte e carregada.

Então, me sinto preso a este corpo nojento, desgraçado, fadado a subserviencia do outro, mas que é réu por egoísmo.


Este é um relato interessante retirado da vida de alguém que teve coragem de postar sua históra na rede.

Sou um homem feliz, realizado e sinto apenas pena desta pessoa.

Porém, não trocaria minha vida pela dele, afinal, de contas, ninguém = ningém.




Este é meu grito de socorro.
O incômodo que lhe causo é apenas o ruído da minha alma.


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