"Sob quais escolhas me escondo?"
(Rafael André)
Quem sou?
Sob quem me escondo?
Sou casca de um garoto,
que sonhava em voz alta
e hoje sussurra desculpas pra si mesmo.
Escombros.
Sou escombros.
De outrora um menino —
passos curtos,
olhos largos,
esperança sem prazo de validade.
O caminho era longo.
E eu achava bonito ser infinito.
Mas tropecei nas pressas,
nas escolhas feitas com pressa,
nos amanhãs que nunca vieram.
O que fiz?
Onde cheguei?
Por quê?
Há, se soubesse…
Mas a vida não oferece recibo,
nem nota fiscal com garantia.
Então, sempre sobra a maldita pergunta:
E se…?
E se eu tivesse entrado à esquerda,
em vez da direita?
Se tivesse dito sim —
ou não?
Se tivesse ficado?
Se tivesse ido?
Seria menos ou mais feliz?
Ou só teria um outro tipo de saudade?
Outra cicatriz mais bem escondida?
Outro Silêncio e outra garrafa pra me embriagar?
Não sei.
Talvez a felicidade more mesmo ali
na dúvida etílica etérea.
Talvez, no fundo,
o que eu busco
é só a permissão pra me conformar ao Édipo.
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