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domingo, 14 de setembro de 2014

Saudade

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua,
Dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.

Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de um filme da infância.
Saudade de um filho que está longe.
Saudade do gosto do sabor da guarina.
Saudade do amigo meu imaginário que nunca existiu.
Saudade da época da faculdade.
Saudade de mim mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.

Você podia ficar no trabalho e ela na faculdade, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir tomar um chope e ela ir para a igreja, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor,
Ou quando alguém ou algo não deixa que esse amor siga,
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.

Não saber o que fazer com os dias e noites que ficaram mais compridos;
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento nela;
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo querer perguntar pelas redes sociais...
É ouvir tocar o celular, mas não ver resquícios dela.
É não querer saber se ela está com aquele vestido, aquele batom, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.

Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo,

E o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...

Adaptado de M. Falabela

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