Diálogo entre perdas e ganhos
Aline Paz &
Rafael André
20/08/2012
“Cismo e padeço, neste outono, quando. Calculo
o que perdi na primavera”. (Remorso - Olavo Bilac)
Mas, o que são
perdas? Afinal, o que temos e o que não temos? O que se pode e o que não se
pode perder? Nada se tem, porém tudo se perde! Cismamos saber de onde viemos e
para onde vamos, mas não conseguimos saber ao menos quem somos. Como poderemos
saber o que temos? Se a nós mesmos não encontramos, como podemos nos perder?
Mesmo
sendo sujeitos de nós mesmos, de nossa própria compreensão e tendo na vida
pouco ou muito conhecimento de nossa identidade, o que por si só já nos se
apresenta como condenação, somos quase que incapazes de ser donos de nossas
escolhas imediatistas.... Ser, por si só, não significa ter! Não somos o que
temos. Tantas e quantas coisas imerecidas. Temos o que somos!
Mais
e as escolhas? Se não conhecermo-nos não saberemos os ganhos nem as perdas. Na
experiência existencialista, o que temos é a possibilidade de escolher entre o
que é certo e o errado, o bom e o ruim, o bem e o mal. A condenação do livre
arbítrio, que arbitraríamos em nosso vulto vivencial. Entretanto, sempre nos
aparecerão escolhas.
E
o bem e o mal, o certo e o errado...? Não se sabe ao certo os caminhos que os
levam ou os trás. Mas, tais elementos são pertinentes a índole humana. Se não somos
o que temos, e merecemos o que temos: perdemos apenas a falta que ficou. Dentro
de cada um existe o certo e o errado, o bom e o ruim. Assumimos estas
identidades em ambientes que convém a cada elemento aparecer.
O
bom e o ruim, o certo e o errado não são nada mais que tudo aquilo que procede
do íntimo de cada ser humano. Sabe, o que parece certo aos nossos olhos, é
errado ao outro. O que nos faz bem, causa mal ao nosso próximo. Somos sujeitos
apenas de nós mesmos. Sempre para nós, ou por nós. Nunca buscamos o interesse
alheio.
Transcender:
talvez essa seja a chave! Afinal, dentro de cada homem, lado a lado vive o bem
e o mal. E sempre prevalece aquele que nós alimentamos, por instinto. E sempre
alimentamos o que nos convém. Mas, a transcendência nos liberta dessa condição!
O
bom e o ruim, o certo e o errado não são nada mais que tudo aquilo que procede
do íntimo de cada ser humano. Então, transcender a quem ou ao que? A nós mesmos?
Sim, concordo. Pode ser uma solução, mas, não devemos esquecer que o ser humano
é por natureza egoísta. E esses sentimentos muito bem o sabem alimentar.
Transcender
à nossa natureza, à nossa condição... Isto nos torna senhores de si, dos nossos
caminhos, de nossas atitudes e de suas consequências, isto nos torna consciente
das perdas e ganhos!
Sendo
assim, caro amigo, chego a humilde conclusão de que, nem o poeta sabia o que
perdia. Sim, pois egoístas como somos, guardamos o que ganhamos. E como perder
aquilo que não expomos? Guardamos o que ganhamos nunca contamos ou mostramos,
pois somos egoístas se somente eu sei o que ganhei está guardado dentro de mim como
posso perder? Eu perco quando espalho!
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