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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Diálogo entre perdas e ganhos


Diálogo entre perdas e ganhos
Aline Paz & Rafael André
20/08/2012

 “Cismo e padeço, neste outono, quando. Calculo o que perdi na primavera”.    (Remorso - Olavo Bilac)

Mas, o que são perdas? Afinal, o que temos e o que não temos? O que se pode e o que não se pode perder? Nada se tem, porém tudo se perde! Cismamos saber de onde viemos e para onde vamos, mas não conseguimos saber ao menos quem somos. Como poderemos saber o que temos? Se a nós mesmos não encontramos, como podemos nos perder?
Mesmo sendo sujeitos de nós mesmos, de nossa própria compreensão e tendo na vida pouco ou muito conhecimento de nossa identidade, o que por si só já nos se apresenta como condenação, somos quase que incapazes de ser donos de nossas escolhas imediatistas.... Ser, por si só, não significa ter! Não somos o que temos. Tantas e quantas coisas imerecidas. Temos o que somos!
Mais e as escolhas? Se não conhecermo-nos não saberemos os ganhos nem as perdas. Na experiência existencialista, o que temos é a possibilidade de escolher entre o que é certo e o errado, o bom e o ruim, o bem e o mal. A condenação do livre arbítrio, que arbitraríamos em nosso vulto vivencial. Entretanto, sempre nos aparecerão escolhas.
E o bem e o mal, o certo e o errado...? Não se sabe ao certo os caminhos que os levam ou os trás. Mas, tais elementos são pertinentes a índole humana. Se não somos o que temos, e merecemos o que temos: perdemos apenas a falta que ficou. Dentro de cada um existe o certo e o errado, o bom e o ruim. Assumimos estas identidades em ambientes que convém a cada elemento aparecer.
O bom e o ruim, o certo e o errado não são nada mais que tudo aquilo que procede do íntimo de cada ser humano. Sabe, o que parece certo aos nossos olhos, é errado ao outro. O que nos faz bem, causa mal ao nosso próximo. Somos sujeitos apenas de nós mesmos. Sempre para nós, ou por nós. Nunca buscamos o interesse alheio.
Transcender: talvez essa seja a chave! Afinal, dentro de cada homem, lado a lado vive o bem e o mal. E sempre prevalece aquele que nós alimentamos, por instinto. E sempre alimentamos o que nos convém. Mas, a transcendência nos liberta dessa condição!
O bom e o ruim, o certo e o errado não são nada mais que tudo aquilo que procede do íntimo de cada ser humano. Então, transcender a quem ou ao que? A nós mesmos? Sim, concordo. Pode ser uma solução, mas, não devemos esquecer que o ser humano é por natureza egoísta. E esses sentimentos muito bem o sabem alimentar.
Transcender à nossa natureza, à nossa condição... Isto nos torna senhores de si, dos nossos caminhos, de nossas atitudes e de suas consequências, isto nos torna consciente das perdas e ganhos!
Sendo assim, caro amigo, chego a humilde conclusão de que, nem o poeta sabia o que perdia. Sim, pois egoístas como somos, guardamos o que ganhamos. E como perder aquilo que não expomos? Guardamos o que ganhamos nunca contamos ou mostramos, pois somos egoístas se somente eu sei o que ganhei está guardado dentro de mim como posso perder? Eu perco quando espalho!

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