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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

(O Eu que Eu era - Calígula de Odisséia)


O timbre que me move é a solidão...
Jaz perdida em um vinho qualquer
Jaz vencida ao solo de uma guitarra
E nas batidas descompassadas de uma bateria arritmada.

O silêncio que me cala é aquele que ao seio fala
E ninguém mais entende exceto meu ego
Quando a boca que me fala exala palavras insensatas
Sensatas ao momento, sábias ao tempo, estúpidas a mim.

O pecado que minh’alma atiça
É o desejo de amar mais o desejo que o objeto desejado
E estar em lábios turvos e não lineares
Nas curvas, nos braços e nas camas das sereias.

A dor que sinto é aquela que cala quando fala
É aquele que é minha e de mais ninguém
É aquela que não existe, mas finjo existir
Pra encontrar a noite comigo mesmo.

A alegria que sinto não é tristeza nem felicidade
Não é a destreza ou a sorte de estar vivo
Ou de ter me isentado da morte até hoje
É algo doudo que nem a pena ou o papel
Sabem dissertá-la por exactas palavras.

Meu amor é a leveza não sentida
Que de tão leve e não sentida
Dão-se por não existente.

Meu coração
É apenas um músculo descompassado e compulsivo
É o medo, é a ânsia, é o sonho e o pesadelo
É a febre, é o sorriso, é a dor de estar condenado a
estar livre!

Eu sou apenas Eu
Que sei existir
Um Eu que mente e quer ser sincero
Um Eu que fere e não quer ser ferido
Que ama e que se apaixona.

O simples e o complicado
O Ariano e o Judeu
A febre que mata e o sonho que traz esperança
A mentira que liberta e a verdade que fere
A violeta que bucólica encanta
E a trepadeira que intrusa a sufoca!

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