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quinta-feira, 25 de abril de 2024

13/11/2007

 O poeta

Nobre cavalheiro

Ardente de seio

O poeta

Ao mundo saiu

Andarilho por andarilho

E o poeta do amor se despiu

O céu amanhece

Fica a neblina

A vida adiante passa

E o poeta à sina continua

Na áspera noite d’outubro

Descalço a passaer em trilhos perdidos

A chuva residia entre os mortais

Na calada noite

A lua era cheia

Ao céu da noite cinzenta

O poeta caiu

Desfaleceu em dor

E na dor

A verdade sem falta lhe veio

“Ainda que falasse

A língua divina,

Que ao sangue pactuasse a morte,

Amor não saberia.”

Na dor miserável

Tuberculoso, embriagado e triste.

A morte buscou

Como busca o amante a prostituta.

Na certeza do descanso eterno

Na febre de um inverno escaldante

Apareceu-lhe um anjo

Não ao certo um anjo,

Uma donzela em figura de anjo.

No delírio da febre

Duvidou usa crenças

E sua própria certeza.

- “O demônio a brincar com minha desgraça”.

Pensou.

Os sorrateiros e suaves

Calaram-lhe os desbotados lábios

Em sua face ardente

Ateou-lhe divino beijo.

Morreu o poeta!

Esquecido pelo tempo

No bosque dos homens perdidos

Deixado para trás

Alimentará os corvos.

Num último suspiro

O anjo das ilusões perdidas

Ao poeta trouxe gozo.

Moribundo poeta

Nem um vintém

Ao bolso trazia.

Numa vida boemia

De prazeres inebriantes

E desprezo material

Valeram-lhe os últimos suspiros

Onde, às mãos d’uma

Etérea donzela

Fez valer sua dorida existência.

Se hoje morreu o poeta

Seu verso será dedicado

Ao amor de uma virgem

Que longe do lado de dentro

Sempre esteve nunca estando

Porém, sentiu por ela

A ânsia do amor

De um poeta moribundo.

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