Era outono
No céu nuvens frias
Na terra folhas secas e molhadas
Era outono
Chovia e numa noite escura e fria
Vi meu pesadelo cristalizar-se
Porque, meu deus!
N’outono flores roxas
Desbotam e murcham?
O álibi da vida
Cortou-se com a dor
E procurou em sangue
Reencontrar gélida e distante vida
O frio consumia o corpo.
Suas lágrimas cor de sangue
Regavam a relva
E num ultimo suspiro
Desabou moribunda e fria.
Se a vida é um mistério,
Porque saber o que somos?
Seu frágil corpo
Solto e gélido
Amparava-se ao chão,
Delicada flor que
Em primaveras coloridas e risonhas
Dourava o campo
Embelezou a vida de um mancebo
E idealizou amor de donzela.
Hoje morreu.
Era outono
E numa cova funda e fria
Despejei seu corpo pálido
E então me entreguei ao amor de minha flor
No inferno de ilusões perdidas.
E veio o inverno
E veio a primavera
E onde nossos corpos
Um dia se uniram na dor e n’amor
Nasceu uma flor roxa
Que encanta a vida
E a vida traz cor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário